Revolução Francesa

05/05/2011 18:33

 

   

 

 

 

         Em 1789, sob o lema “igualdade, liberdade, fraternidade”, a burguesia toma o poder na França, com apoio popular, e sustenta-se até 1815, quando se dá o fim do império napoleônico. Os revolucionários acabam com os privilégios da nobreza e do clero, e livram-se das instituições feudais do Antigo Regime.

         No final do século XVIII, 98% da população pertencem ao Terceiro Estado, no qual se juntam ricos comerciantes burgueses e camponeses. Ele arca com os pesados impostos que sustentam o rei, a nobreza e o clero. A população sofre também com os abusos do absolutismo de Luís XVI (1754-1793).

         Os burgueses detêm o poder econômico, mas perdem as disputas políticas para os outros dois Estados (nobreza e clero), que se aliam nas votações. A burguesia almeja a liberdade econômica e a ascensão social, e, estimulada pelos ideais do Iluminismo, revolta-se contra a dominação da minoria. Cafés, clubes e lojas maçônicas convertem-se em centros de discussão. A partir de 1786, a indústria entra em crise com a concorrência dos produtos ingleses. Uma estiagem diminui a produção de alimentos. Há fome e miséria. O apoio da França à Independência dos EUA havia comprometido ainda mais sua economia. Em 1788, o rei convoca a Assembléia dos Estados Gerais, um ano depois que os nobres, na Assembléia dos Notáveis, recusaram-se a aceitar qualquer medida contra os privilégios.

 

A tomada da Bastilha 

 

       Os Estados Gerais começam seus trabalhos em maio de 1789 no Palácio de Versalhes. Para garantir a vitória, a nobreza quer que a votação seja por classe. O Terceiro Estado exige votação por cabeça, pois tem 610 deputados, contra 270 da nobreza e 291 do clero, além da adesão de nobres influenciados pelo iluminismo e de parte do clero. A disposição de liquidar o absolutismo e realizar as reformas leva a bancada do Terceiro Estado a autoproclamar-se Assembléia Nacional Constituinte, em junho de 1789. A população se envolve. Revoltas em Paris e no interior, causadas pelo aumento do preço do pão, culminam no dia 14 de julho com a tomada da Bastilha. Grande parte da nobreza emigra. Em 4 de agosto de 1789 a Constituinte suprime o sistema feudal.

        A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela Assembléia Constituinte em 26 de agosto de 1789, tem por base a declaração norte-americana: defende a propriedade privada como inviolável e sagrada, institui a igualdade jurídica e a liberdade pessoal. Em setembro de 1791, fica pronta a Constituição. Ela institui a monarquia parlamentar com um poder real enfraquecido, proclama a igualdade civil, confisca os bens da Igreja e proíbe greves e associações operárias. A unidade inicial contra os aristocratas dá lugar à complexa composição partidária. Os girondinos representam a alta burguesia; têm maioria e o apoio do rei; combatem a ascensão dos sans-culottes (sem-calções, o povo). Os jacobinos representam a pequena e média burguesia, são mais radicais e, liderados por Robespierre (1758-1794), buscam apoio popular. Os cordeliers, independentes, representantes do povo pobre, oscilam entre um lado e outro.

 

A República

 

      A adesão de Luís XVI à nova Constituição é acompanhada por conspirações em defesa da monarquia. Ele tenta fugir do país para comandar a escalada contra-revolucionária sob proteção austríaca, mas é preso. Em abril de 1792, os monarquistas patrocinam a declaração de guerra à Áustria, como possibilidade de volta ao poder. Austríacos e prussianos invadem a França com apoio secreto do rei, mas são derrotados pelos populares. Os sans-culottes, armados e liderados por Marat (1743-1793), Robespierre e Danton (1759-1794), assumem o governo. Criam a Comuna de Paris em agosto de 1792 e organizam as guardas nacionais. Radicaliza-se a posição contrária aos nobres, considerados traidores. Em setembro, o povo invade as prisões e promove execuções em massa.

        Forma-se nova Assembléia, a Convenção, entre 1792 e 1795, para preparar outra Constituição. Os girondinos perdem força. A maioria vai para os jacobinos, liderados por Robespierre e Saint-Just (1767-1794) e reforçados pelos montanheses, grupo radical que proclama a República em 20 de setembro de 1792. Luís XVI é guilhotinado em 21 de janeiro de 1793. Por toda a Europa reúnem-se forças contra-revolucionárias que obrigam a Convenção a se defender, apoiando as medidas propostas pelos jacobinos. Começa o expurgo de adversários, o “período do terror”, que se estende de junho de 1793 a julho de 1794.

 

Burguesia no poder

 

         Sob o comando ditatorial de Robespierre, criam-se o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário, encarregado de prender e julgar os traidores. A Comuna aprisiona e guilhotina 22 líderes girondinos, e até jacobinos como Danton e o jornalista Desmoulins (1760-1794), acusados de conspiração. Milhares de pessoas morrem, entre elas o químico Lavoisier (1743-1794). Poucos meses depois da morte de Danton, em julho de 1794 – dia 9 do novo mês Termidor –, Robespierre e Saint-Just são presos e guilhotinados. Os girondinos, que no período do terror haviam se omitido para salvar as próprias cabeças, reaparecem para instalar no poder a alta burguesia. A Convenção cai em mãos do Pântano, grupo formado por ricos burgueses que tratam de ampliar seu poder.

         A execução de Robespierre representa o fim da supremacia jacobina. A reação de 9 Termidor fecha os clubes jacobinos e redige nova Constituição, que institui outro governo, o Diretório, com cinco membros eleitos pelo Legislativo. Proclama mais uma Constituição, em 1795, que segundo o relator consolida as aspirações da burguesia, centrada em “garantir a propriedade do rico, a existência do pobre, o usufruto do homem industrioso e a segurança de todos”. No período do Diretório, de 1795 a 1799, o país mergulha em crise, além de sofrer ameaças externas. Para manter seus privilégios, a burguesia entrega o poder a Napoleão Bonaparte (1769-1821).

         Para muitos historiadores, a Revolução Francesa é a culminância de um movimento revolucionário global, atlântico ou ocidental, que começa nos Estados Unidos em 1776, atinge Inglaterra, Irlanda, Holanda, Bélgica, Itália, Alemanha, Suíça e, em 1789, chega à França com mais violência e ideais mais bem-delineados. Abre caminho para o capitalismo industrial neste país e repercute inclusive no Brasil.